HENRIQUES
Tratando-se de um patronímico (filhos de Henrique), muitas terão sido as famílias que o adotaram por apelido sem estarem ligadas por laços de consangüinidade. Há todavia uma família de Henriques que pelas suas origens, se destaca de todas as outras. É a que vem de D. Fernando Henriquez, filho bastardo de Henrique II, rei de Castela com Dona Sancha Iñiguez de Cárcamo e nascido em 1365.
Do seu casamento com D. Leonor Sarmiento teve outro D. Fernando Henriques, que veio para Portugal e aqui foi tratado como parente pelos reis D. João I e D. Duarte, dando-lhe este último o senhorio das Alcáçovas e do reguengo do mesmo nome, com a geração que prosseguiu no uso deste patronímico. A chefia desta família está na Casa dos Condes das Alcáçovas (Henriques de Lancastre). De outro filho natural de Henrique II, rei de Castela, descende o ramo dos Henriquez ditos de Sevilha, com ramificações em Portugal e na Madeira.
Na Madeira, um outro ramo de Henriques parece descender de um enigmático cavaleiro polaco Henrique Alemão (supostamente o rei Ladislau [ver Amodeo] Jagiello II da Polónia, desaparecido na batalha de Varna), de cuja única filha Bárbara Henriques, a descendência usou o apelido. Leopold Kielanowski, historiador polaco, escreveu um livro em que aventa a hipótese de Henrique Alemão ser o próprio rei desaparecido, versão polaca do rei D.Sebastião de Portugal. O livro, intitulado “A Odisseia de Ladislau o Varnense”, editado na Ilha da Madeira, apresenta este lendário cavaleiro como uma figura de mistério que tem feito e continuará a fazer correr muita tinta. Seja ele quem for, o certo é que está também na origem do apelido Henriques.
No nobiliário dos França Dória está patente a origem da família Gomes Henriques, que provém de Manuel Afonso, filho do cavaleiro Pedro Fernandes,o grande e de Isabel Afonso, esta filha de outra Isabel Afonso, por seu turno filha de Barbara Henriques, esta a única filha sobrevivente do cavaleiro Henrique Alemão e de Guiomar Gomes Henriques, filha de D. Pedro de Noronha Henriques e de D. Joana Gomes do Galdo. Os Gomes Henriques representam assim dois troncos de Henriques da Madeira: os Henriques Alemães e os Henriques de Noronha.
Outra família de Henriques, que nada tem a ver com aqueles, provém de um marinheiro de origem dinamarquesa e chamado Eriksen, que se estabeleceu em Portugal nos princípios do séc. XVII, traduzindo aquele seu nome para Henriques e transmitindo-o à descendência, que pode justificar alguns traços nórdicos, como cor de cabelo, a alguns indivíduos de gerações posteriores.
Uma outra família Henriques, embora com menor peso histórico e político, é a dos Henriques do Bombarral, da qual descendem os Gorjão Henriques (Gorjão Henriques da Cunha Coimbra Botado e Serra). O primeiro deste ramo, Luis Henriques, foi monteiro-mor de D. João I e um dos 20 a cavalo que esteve com o Mestre de Avis no cerco de Lisboa, como vem documentado nas crônicas da época e na sua lápide tumular. Eram morgados no Bombarral e a sua casa foi doada a Luís Henriques em 1422 por D. João I, que lhe atribuiu todos os bens de Pedro Esteves, que se havia passado para Castela na crise dinástica, ainda que tenha casado com uma filha deste, D. Inês Martins. É hoje o edifício da Câmara Municipal do Bombarral.